Exportar para a China: um guia para empresas brasileiras

A escolha de exportar para a China é algo estratégico para o desenvolvimento econômico brasileiro, tendo em vista que o país asiático é um dos principais parceiros comerciais do Brasil.

Aliás, somente entre junho de 2023 e julho de 2024, o Brasil exportou mais de US$ 57 bilhões para a China, o que significa um aumento de 8,9% em comparação ao período anterior.

Esse fluxo de exportação está em constante crescimento, especialmente para itens como soja, minério de ferro, carne e celulose. Porém, exportar para o gigante asiático requer planejamento, conhecimento técnico e atenção às regulamentações específicas.

Como especialistas neste processo, com diversas unidades espalhadas pela China, trouxemos os aspectos essenciais que consideramos nesse processo para as empresas brasileiras aplicarem. Confira!

Passo a passo para exportar para a China

Antes de tudo, é importante destacarmos que exportar para a China pode ser uma excelente oportunidade para empresas brasileiras, dado o tamanho e o dinamismo do mercado chinês.

No entanto, exige planejamento e atenção a informações importantes.

1. Certifique-se de estar habilitado para realizar operações de exportação no Brasil, atendendo a requisitos como:

  • Registro no RADAR;
  • Operação no SISCOMEX;
  • Documentação completa e precisa.

2. Evite problemas burocráticos

  • Erros no preenchimento ou falta de documentos podem atrasar o desembaraço aduaneiro, gerando custos desnecessários;
  • Considere contratar empresas de comércio exterior especializadas, caso não tenha experiência no processo.

3. Atente-se às exigências chinesas

  • Informe-se sobre tarifas, impostos e outros encargos para formar um preço competitivo;
  • Adeque seus produtos às regulamentações locais, garantindo conformidade com as normas chinesas.

Por fim, é muito importante escolher o modelo de exportação que melhor se adapte à sua estrutura, capital e nível de controle desejado. Confira os principais modelos a seguir.

Entenda mais sobre os modelos de exportação

Entender como os processos funcionam pode te ajudar a definir o modelo de exportação mais vantajoso.

Exportar para a China exige planejamento e atenção a diferentes fatores importantes. No geral, o processo pode ser dividido em três categorias principais:

1. Exportar para a China diretamente ao cliente final

Esta modalidade, por exemplo, é indicada para empresários que possuem clientes no mercado chinês já habilitados a importar, com licença concedida pelo governo chinês.

Esses clientes podem ser “trading companies”, distribuidoras ou empresas que utilizam o produtor brasileiro como fornecedor de matéria-prima e possuem estrutura para o desembaraço na aduana chinesa.

Desta forma, o exportador brasileiro é responsável pela mercadoria até o porto de origem ou destino, conforme estipulado nas INCOTERMS. Já o cliente Chinês, geralmente, faz o desembaraço e a comercialização no mercado local, ficando com o lucro gerado nessa etapa.

Portanto, o lucro do exportador brasileiro é calculado pela receita da venda, após descontar os custos de tramitação aduaneira no Brasil ou na China.

Mas vale pontuar que o público-alvo dessa categoria é mais restrito, como as empresas chinesas experientes no comércio exterior. Além disso, a identificação de clientes pode ser feita em feiras internacionais, sites especializados ou por meio de apoio de órgãos como o Itamaraty e a APEX.

2. Exportação via intermediário chinês

Contar com um parceiro local na China, que pode ser um agente, distribuidor ou “trading company”, facilita a entrada do empresário brasileiro no mercado chinês.

Em outras palavras, esses intermediários cuidam do desembaraço aduaneiro e da venda ao cliente final, onde os agentes atuam em nome da empresa em troca de comissão, enquanto distribuidores revendem os produtos.

Desse modo, tal apoio é bastante útil para testar o mercado e superar barreiras como idioma, legislação e complexidade tributária.

Mas, não podemos deixar de apontar que é importante ter contratos bem definidos e contar com uma assessoria jurídica especializada para eliminar riscos e garantir o sucesso da operação.

3. Exportação “Limited Liability Company”

Estabelecer uma empresa brasileira como uma “Limited Liability Company” de propriedade brasileira na China permite um maior controle sobre vendas, distribuição, comercialização e proteção da marca no mercado local.

Sobretudo, essa presença física oferece benefícios estratégicos de longo prazo, como manufatura, exportação e desenvolvimento de produtos. Porém, exige licenças específicas para cada atividade, além de investimentos em recursos financeiros e tempo.

Mas para estruturar negócios e exportar para a China, é importante contratar consultorias especializadas para orientação regulatória, tributária e contábil.

Algumas opções são:

  1. WFOE (Wholly Foreign-Owned Enterprise): empresas 100% estrangeiras que garantem controle total, ideais para operações que envolvam propriedade intelectual. O processo de abertura é burocrático, leva de 4 a 6 meses e exige diversas aprovações e registros;
  2. Joint-Ventures (JV): parcerias obrigatórias em setores estratégicos, como mineração e indústria automotiva, que podem ser igualitárias (com lucros proporcionais à participação) e contratuais (baseadas em acordos flexíveis). As JVs oferecem acesso ao mercado, mas podem limitar a expansão e gerar conflitos entre parceiros;
  3. Sociedades por ações: empresas cuja estrutura é definida por ações. WFOEs podem ser convertidas para listagem no mercado local;
  4. Holdings: agrupam múltiplas empresas, mas possuem limitações financeiras e regulatórias na China.
  5. Filiais: dependem de licenças próprias, mas têm restrições quanto à condução de negócios;
  6. Sociedades em investimento estrangeiro: permite parcerias com empresas chinesas, mas exclui SOEs e empresas listadas na bolsa.

Principais desafios ao exportar para a China

Antes de qualquer coisa, vale apontar que as empresas estatais na China atuam em diferentes setores e têm variados portes. Assim, empresas brasileiras que exportam para o mercado chinês acabam enfrentando concorrência de uma ou mais dessas companhias.

Entretanto, essas organizações frequentemente contam com acesso facilitado a crédito e outros tipos de suporte governamental, condições que também favorecem outras empresas nacionais.

Outros desafios importantes que podemos destacar são:

  • As estatais chinesas possuem redes de distribuição consolidadas e demonstram grande capacidade de adaptação frente a alterações regulatórias;
  • Os procedimentos de aprovação para importação podem demorar e acabar exigindo documentação física e escrita à mão;
  • Às vezes, as chamadas “trading companies” podem ajudar com os processos de certificações, porém, existe um número limitado de pessoas com a formação e experiência exigidas. Além disso, somente empresas com uma presença legalizada na China têm permissão de contratar funcionários chineses;
  • Frequentemente, os investidores brasileiros que planejam atuar na China enfrentam desafios relacionados aos custos, como a valorização imobiliária, que em grandes cidades cresce entre 10% e 20% ao ano, além do aumento dos salários, que afeta empresas com alta demanda de mão de obra;
  • Por fim, os direitos de propriedade intelectual são uma grande preocupação para as empresas estrangeiras que fazem negócios na China, tendo em vista o risco iminente de terem seus produtos copiados.

Importância do planejamento de exportação

Alinhar todas as etapas necessárias para exportar para a China faz toda a diferença no sucesso da atividade.

Alinhar todas as etapas necessárias para exportar para a China faz toda a diferença no sucesso da atividade.

A China possui características econômicas, culturais e regulatórias próprias. Por isso, um bom planejamento permite que as empresas brasileiras entendam as preferências dos consumidores chineses, as particularidades do mercado e atendam às exigências do governo.

Contudo, a preparação e o planejamento para a exportação facilita a:

  • Redução de riscos e custos operacionais;
  • Conformidade com as exigências legais e regulatórias;
  • Maior eficiência no acesso a um mercado em constante crescimento.

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